quarta-feira, 17 de março de 2010

Novela [A]: parte 6

Postado por Fabiano às 9:32 PM 0 comentários

-Ei você. Quanto quer por todas essas cartas?
-Senhor, eu não posso vendê-las.
-Quanto você quer por algumas dessas cartas?
-Senhor, eu já disse que não posso vender nenhuma dessas cartas. Todas as cartas devem chegar ao seu destino.
-Não existem cartas sem destino?
-Todas as cartas têm um destino, senhor.
-Sabe, há algumas horas atrás eu vi uma senhora morrer atropelada, talvez em sua bolsa possa haver cartas para ela, então essa seria uma carta com destino, porém sem destinatário...
-Preciso ir...
-Quanto vcoê quer pelas cartas da senhora que morreu?
- Eu não vou vender nenhuma carta, com licença.
- Ei você tem um cigarro?
- Não.
-Poderia me arrumar alguns trocados para o ônibus?
-Como é?
-Gastei todo meu dinheiro comprando cigarros.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Novela [A]: parte 5

Postado por Fabiano às 11:16 PM 0 comentários
Vou esperar. Esperar para ver o que acontece. Esperar é a forma de resolver esta situação. Eu deveria ter pegado um cigarro dela, poderia estar fumando, fumando um cigarro enquanto espero algo acontecer. Blasfêmia. Sinto-me como um verme mesquinho querendo fumar cigarros de uma senhora morta. Aqueles cigarros nem chegaram a me pertencer. Não pertenciam a ela. Não pertenciam à niguém. Os cigarros não existem mais. A chuva parou. O fiscal deve estar jantando enquanto conta para sua mulher o incrível acontecimento do dia. E a senhora estatelada, possivelmente foi recolhida porque estava atrapalhando o transito.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Estancar

Postado por Fabiano às 7:48 PM 2 comentários
Pediu à mulher que se abaixasse e lambesse seus pés. Sentiu sua língua áspera por entre os vãos dos dedos, os dentes roíam suas unhas. Cuspia e com os lábios espalhava todo o cuspe pelo pé. O prazer era incessante. Com a cabeça fez um sinal, ordenando a mulher que abrisse a gaveta do criado mudo, dentro havia uma navalha. Na troca de olhares entendeu que deveria fazer um talo no pé do velho, e vagarosamente passou a lâmina abrindo-lhe um corte. Chupou todo o sangue até estancar. Beijaram-se e adormeceram...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Novela [A]: parte 4

Postado por Fabiano às 10:19 PM 0 comentários
Como se a água cegasse, nós três ficamos lucidamente cegos. Eu, o fiscal e o motorista. Como se a água paralisasse, nós quatro ficamos instantaneamente paralisados. Eu, o fiscal e o motorista. A velha nunca mais se mexeu. Coloquei todo meu dinheiro sobre a senhora. O fiscal e o motorista que a atropelou , tentavam conter a população, que aos gritos de aleluia e gloria a Deus, recolhiam o dinheiro e os maços de cigarro. Encontro um banco, estou cansado e sem dinheiro, chove e a praça esta vazia.

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